20 de julho de 2011

Tarde da noite


Hoje acordei tarde da noite.
Acendi uma vela, fui até a cozinha, peguei as cartas que você me mandou.
Olhei a ultima, chegou a 3 meses. Nela você me mandou um trigo e disse que onde você estava era cheio deles.
Cherei o trigo e tentei imaginar você. Imaginar você colocando ele dentro do envelope.
Peguei aquele chá que você mais gosta, fiz uma xicara pra mim, fiz outra pra você.
Separei o bolo de fubá ontem para as crianças comerem de tarde. Mas me lembrei que ele era o sabor de bolo que você mais gostava, resolvi comer um pedaço.
Acabei comendo ele inteiro, acabei lendo todas as cartas.
Quando me dei conta já era dia, a vela já tinha acabado o bolo e o chá já haviam sido devorados por mim, mas as lagrimas não paravam de cair e o sol já raiava lá fora.
As crianças estavam atraz da porta escondidas me olhando chorar.
Corri as abraçei e disse que estava tudo bem.
A mãe só estava com saudades do Pai.
Uma delas me perguntou se você havia morrido e eu enchuguei as lagrimas e disse que não.
Mas agora eu me pergunto se você realmente não morreu.
A ultima carta já faz três meses.
E a três meses eu me levanto e choro....

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